Diplomacia européia é chave para paz na Ucrânia



A escalada da tensão política na Ucrânia - com a previsível reação russa, envolvendo a possibilidade de uma intervenção militar - representa acima de tudo o fracasso da diplomacia europeia, anteriormente aclamada por facilitar um acordo que, pensava-se, iria pacificar o país.
O acordo do último dia 21, assinado pelo então presidente, Viktor Yanukovych, e por representantes da oposição, previa a criação de um governo de unidade nacional, a adoção da constituição ucraniana de 2004 (com a redução dos poderes do presidente) e uma eleição presidencial apenas no final do ano.

Com alívio geral, esperava-se que o entendimento acabasse com o banho de sangue na Praça da Independência, em Kiev, além da tensão em Lviv e em outros pontos do oeste nacionalista. Até então, a Crimeia e o leste, onde se concentram os simpáticos a Moscou, estavam em silêncio.
O que aconteceu nos dias seguintes praticamente jogou no esquecimento o acordo patrocinado pela UE. Yanukovych fugiu para a Rússia, o governo de "união" foi empossado apenas com figuras da oposição e as eleições foram convocadas para 25 de maio.
Em meio à velocidade dos acontecimentos, a diplomacia da União Europeia não veio a público defender com veemência os termos do acordo. Isso só deu mais impulso à Rússia, já contrariada no acordo original, e agora incentivada a uma ação drástica pela revolta da significativa parte da população ucraniana simpática a Moscou e desconfiada do novo governo.

Geórgia
O cenário lembra o da intervenção russa na Geórgia em 2008, algo que vem sendo mencionado por analistas. Mas existem diferenças fundamentais que tornam esta possível intervenção russa muito mais complicada e arriscada para Moscou.

Em 2008, o Kremlin apostou, corretamente, que o Ocidente não iria intervir em defesa do então presidente georgiano Mikhail Saakashvili - que, com todo seu inglês adquirido nos Estados Unidos, alegava estar sendo violentado pelo imperialismo neo-soviético.
Mas a Geórgia é um país pequeno, longe das fronteiras da União Europeia e com um longo histórico de guerras civis desde a independência, em 1991. Como se não bastasse, os territórios simpáticos a Moscou dentro da Geórgia - a Abecásia e a Ossétia do Sul - são bem delimitados e conhecidos.
A Ucrânia, por sua vez, tem um território imenso, que faz fronteira com a União Europeia, e não tem um histórico de confronto aberto. As tensões entre russos e ucranianos permaneceram sob controle desde o fim da URSS devido a um pacto das elites locais, com o apoio de Moscou.

O que a ex-oposição ucraniana tentou fazer foi eliminar a Rússia da equação. Novamente, como na Geórgia, a oposição a Moscou assume que terá o apoio do Ocidente - o que está ocorrendo de forma retórica. E a Rússia novamente aposta que o apoio não irá além de retórica.
Mas como a Europa e os Estados Unidos reagiriam se a intervenção russa gerar um crise humana, com milhares de ucranianos tentando cruzar a fronteira da União Europeia para fugir do conflito?
E a Rússia, como reagiria se o conflito não for como ela espera - rápido, neutralizando as tropas ucranianas enviadas à Crimeia? Se houver ameaça às comunidades russas em outras partes do país, onde é que Moscou vai mirar suas forças? Mesmo no leste, uma parcela significativa da população é antipática ao Kremlin.
Tanto para a Rússia quanto para o Ocidente, uma escalada do conflito seria uma imensa dor de cabeça, com potencial de criar um prejuízo inimaginável e elevar exponencialmente a divisão política na Ucrânia.

Fonte: BBC Brasil / Rafael Gomez



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